Assua: Cidade entre o passado
e o presente do Nilo

 

Assuã é uma cidade pequena, mais parecida com um balneário, onde o Nilo esgueira-se por um vale tão estreito que chega a beirar o deserto. A cidade, antes uma espécie de fortaleza que guardava a entrada do país, sofreu todos os tipos de modificações, mas ainda conserva a atmosfera do que foi na Antiguidade. A maior de todas as transformações foi a construção da Grande Re-presa de Assuã, que formou o maior lago artificial do mundo, o Nasser (em homenagem ao ex-presidente que o construiu, Gamal Abdel Nasser), situado a poucos quilômetros ao sul. A represa é controversa - ao mesmo tempo que provocou um boom de crescimento no país por gerar a energia necessária, representa uma constante ameaça ao equilíbrio ecológico de toda a região provocada pelo fim do ciclo de cheias anuais e a diminuição de nutrientes que, agora, ficam retidos na barragem da represa.

Outra grande transformação foi o turismo que, a partir da década de 70, tornou-se responsável por 60% da economia egípcia - hoje em declínio, devido aos atentados terroristas dos fundamentalistas islâmicos, o último deles ocorrido em novembro de 1997, no qual 61 turistas foram mortos.

Seja como for, Assuã resiste ao tempo. A paisagem à sua volta é pontilhada de referências antigas, como as pequenas felucas, embarcações à vela herdadas dos tempos dos fara6s, proliferando sobre o rio e os canais, muitos canais que drenam a água do rio e parecem ter a idade do tempo. Distante 320 quilômetros da cidade, em direção ao sul, encontra-se um dos mais grandiosos monumentos da antiguidade, o templo de Abu Simbel - quatro estátuas de 20 metros de altura construídas por Ramsés II, o Grande.

É ainda na região de Assuã que se encontra a maior parte da população núbia, sobrevivente de milênios de dominação egípcia. Oriundos da fronteira entre o Sudão e o Egito, os núbios - uma raça negra, conhecida pela imponência dos seus homens e beleza e vaidade de suas mulheres - tiveram que se deslocar definitivamente para a região de Assuã quando foi construída a Grande Represa e, mesmo assim, lutam estoicamente para manter sua cultura. São facilmente notados pelas ruas da pequena cidade, não s6 graças à sua pele negra mas, principalmente, devido à cor berrante de suas roupas e aos colares e pulseiras usadas pelas mulheres. Possuem seu pr6prio idioma, embora não tenham a escrita, e moram em casas típicas, sem telhado, construídas com muitas divisões para aumentar a área da sombra e tornar suportável o calor de 40 graus. E se chover? Não faz mal, isto só acontece uma vez a cada cinco anos.