Nilo, um rio que dá vida
ao país inteiro

 

O Nilo não é apenas um generoso fornecedor de água para toda a região do norte da África. Mas, também, um eficiente transportador de nutrientes, capaz de transformar a aridez do deserto em terras cultiváveis, altamente produtivas. E o seu ciclo favorece ainda mais essa generosidade: uma vez por ano, entre agosto e outubro, o rio recebe, em suas origens, as chuvas tropicais das terras altas da Etiópia e a neve derretida das Montanhas da Lua, na fronteira entre Uganda e o Zaire (atual República Democrática do Congo), provocando suas famosas inundações, que vêm preparando a terra para a agricultura desde tempos remotos.

Todas essas qualidades fazem do Nilo o elemento fundamental para a formação da primeira grande civilização do homem: o Egito Antigo. Nenhum outro país do mundo deve sua existência a apenas um elemento, do qual depende 99% da população do país - ou, como disse o historia-dor grego Her6doto, "O Egito é um dom do Nilo".

Desde o começo dessa civilização antiga, que até hoje encanta e surpreende, datado por volta de 3 200 a.C. (ou há mais de 5 mil anos), o Nilo tem sido o principal elemento alavancador da atividade humana da região - e, por isso, foi louvado e usado, na mesma proporção. O faraó Akhenaton dedicava-lhe preces, enquanto Amenamhat III construiu a primeira barragem, na cidade de Fayoum, para inaugurar um inédito sistema de irrigação por canais.

A necessidade de estender os benefícios do Nilo por uma área cada vez maior provocou, ainda no Antigo Egito, o desenvolvimento da ciência de construção de canais que serviam tanto para irrigar terras áridas como meio de transporte. A maior parte das grandes construções egípcias - incluindo as pirâmides de Gizé - só foram possíveis graças ao sistema de transporte, sofisticadíssimo, que os egípcios desenvolveram através de canais - por onde foram transportadas pedras de granito de até 60 toneladas. É bom lembrar que, naqueles tempos, apenas o burro era usado como animal de carga. Os camelos só passaram a existir na região muito tempo depois, com a vinda dos árabes e da religião muçulmana, por volta de 600 d. C.